quarta-feira, 21 de setembro de 2011

IFRS - O desafio da indústria de seguros no fechamento do balanço de 31 de dezembro de 2011.

Há pouco tempo do término do fechamento de balanço das demonstrações financeiras de 30 de junho de 2001 e já se inicia o planejamento dos trabalhos para o fechamento das demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2011 para as empresas brasileiras. No setor de seguros, o período é marcado por uma grande mobilização dos gestores, especialmente dos profissionais que trabalham em empresas de capital aberto. A Comissão de Valores Mobiliários e a SUSEP tem anunciado de forma sistemática a necessidade de efetuar melhorias na divulgação das informações financeiras com a finalidade de atender os princípios de reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação dos requerimentos do IFRS no Brasil.
O exercício de 2011 é, sem dúvidas, um grande teste para as empresas que atuam na indústria de seguros no Brasil, pois o IFRS é complexo e mobiliza todas as áreas da companhia. A transição para a nova contabilidade exige das empresas uma mudança de mentalidade e de paradigma. Normalmente um processo dessa natureza gera desafios e oportunidades. No caso particular das Seguradoras são grandes os desafios, pois o IFRS impacta na área estratégica, de finanças, de gestão, de risco, controle, gestão de sinistros, e em decisões atuariais e fiscais relevantes, apenas para citar alguns. Daí a necessidade de tratar o tema de forma holística como exige um assunto de tal importância.
Uma das exigências que o IFRS traz é a consistência e transparência das informações do reporte financeiro dos contratos de seguros e dos aspectos de solvência da entidade. O IFRS impôs uma grande mudança para empresas das mais variadas indústrias, entretanto, especialmente para o mercado segurador às mudanças são mais dramáticas, pois exigem um grau mais elevado de compreensão dos riscos inerentes ao negócio de seguros que não são poucos. A atenção aos aspectos de risco na gestão deverá aumentar o nível de transparência em torno do desempenho das seguradoras comparativamente ao exercício de 2010. No entanto, muitos aspectos da norma são vagos e dão margem a interpretações díspares entre os especialistas do setor e acabam gerando algumas distorções que acabam refletindo nos balanços publicados pelas companhias como foi possível identificar na última edição. O processo de assimilação da norma e qualificação de profissionais ainda se encontra em curso e é natural que dúvidas ocorram em diversos níveis.
É possível concluir por meio da análise das notas explicativas dos balanços publicados no exercício de 30 de junho de 2011 que houve melhora substancial em relação ao nível de transparência das notas explicativas publicadas no balanço de 31 de dezembro de 2010. Entretanto, por meio da leitura das notas explicativas publicadas no último balanço de 30 de junho de 2011 é possível concluir concluir que ainda há uma longa estrada a percorrer para que os balanços das companhias brasileiras estejam alinhados aos balanços das companhias seguradoras que atuam na Comunidade Européia. A justificativa para tal fato ocorrer são: a própria complexidade da norma, o processo de formação e de qualificação dos profissionais, mas, principalmente às exigências de tempo que os profissionais das organizações se deparam para conciliar os desafios do cotidiano de suas organizações com o tempo para atender outros importantes movimentos em curso de adequação a regulação de seguros.
Entretanto, a grande oportunidade do IFRS é a possibilidade das empresas brasileiras que atuam no mercado conhecerem melhor seus riscos. Aquelas seguradoras que conseguirem entender os riscos inerentes às suas atividades terão uma grande vantagem competitiva em relação às demais e mesmo em relação aquelas que atuam em países que não aderiram ao IFRS ou que estão em uma etapa de implantação inferior ao que os reguladores brasileiros estabeleceram.

Marco Pontes é diretor da LG&P Associados, membro do Instituto Brasileiro de Atuária - IBA e da Academia Nacional de Seguros e Previdência – ANSP. Email:marco.pontes@lgpconsulting.com.br e proprietário do blog: www.marcoponteslgpconsulting.blogspot.com